sábado, 29 de dezembro de 2012

Capítulo I - Memórias fotográficas



I – A volta

            Mais um dia pacato, o céu estava nublado mas eu não tinha certeza se choveria ou não. Acredito que minha rotina não deve ser citada, já que seria apenas repetir as mesmas coisas. Como os leitores podem notar, eu tenho um tom depressivo. Tudo que escrevo ou falo parece um pouco melancólico e cinza. Isso acontece em certas épocas, e é bem notável. Nunca fui o tipo de pessoa que demonstra estar feliz o tempo todo. Quando me deprimo, deixo isso bem claro... até minha câmera aparecer.
            Até pensei em tirar foto daquele céu nublado com minha câmera Diana F+, mas pensei que talvez pudesse ficar um pouco escura, e também por eu não conseguir descrever aquele céu, apenas dizer: cinza.
            Fiz meu trajeto para o trabalho de ônibus, não gostava muito de carros, era ambientalista até demais. No segundo capitulo desse livro, finalmente decido escrever quem eu realmente sou: meu nome é Alice, sou formada em Letras, trabalho na maior parte do tempo numa editora, analisando textos e corrigindo palavras.As vezes fazia uma tradução ou outra pra ganhar um dinheiro extra. Bebo e tomo remédios pra esquecer dos problemas, parece algo muito comum pra se escrever num livro. Meu sonho? Escrever um livro e acabar parando na Academia Brasileira de Letras. O que já fez muito de meus professores rirem, coisa muito improvável.
            Perguntava-me todos os dias se eu podia sonhar tanto. Deixando o baixo astral de lado, entrei no jornal e logo subi para meu lugarzinho confortável de sempre, parei na cozinha, peguei mais um copo de café e fui fazer o trabalho do dia-a-dia. Que coisa inesperada.
            Meus pensamentos eram irônicos, mas os fatos realmente eram inesperados. Quando fui cumprimentar Mariana, vi que ela estava com uma expressão estranha, um tanto debochada. Olhei para meu lugar, vi que tinha alguém sentado ali, sem pensar ou analisar, fui direto em direção da pessoa. Que ousadia, quem seria pra sentar no meu lugar? (Consigo ser chata por mexerem nas minhas coisas ou sentarem no meu lugar na maioria das vezes)
            - Com licença – disse com uma voz alta e firme. Li numa revista que isso era impor sua vontade e que era provável que a pessoa ficasse com medo de você, ou algo do gênero. Cheirava a bobagem.
            Quando aquela pessoa se virou. Não. Não era. Não podia ser. Não, não, não, não. NÃO! Ainda bem que eu não falei em voz alta todos esses “nãos”, soaria estranho e ridículo.
            Era ele. Ele. ELE. Pensei em milhares de palavrões, era impossível aquilo. Como ele me achou? Como isso estava acontecendo? Eu estava sonhando? Por que eu parecia uma adolescente de filmes americanos?
            - Oi. – disse ele, levantando-se e mexendo no cabelo. Era evidente que ele também estava nervoso.
            - Oi. – respondi, comecei a sentir um frio tomando conta do meu corpo inteiro. Chamem uma ambulância, estou tendo um ataque cardíaco.
            Mariana parecia se divertir com tudo aquilo, começou a rir alto do próprio destino.
            - Então, espero que você não se importe por eu ter vindo sem avisar.Não sabia seu telefone – continuou nervoso.
            - Não tem problema, hoje o dia não está muito cheio.
            Ficamos num silêncio mortal por alguns segundos, olhando pra baixo, sem saber o que dizer. O que eu poderia falar? Fazia 1 ano que eu não tinha contato nenhum com aquele homem. Ele não parecia ter mudado muito fisicamente, continuava do mesmo jeito com a aparência um tanto bruta, cabelos escuros e olhos não tão dóceis.
            - Quer se sentar? – perguntei, já não sabendo mais o que dizer, todas as ideias passavam na minha cabeça em tão pouco tempo.
            - Sim, claro.
            Puxei uma cadeira na minha frente. Ele se sentou e os segundos de silêncio pareciam lâminas de dúvida me cortando. O que eu faria agora? Já tinha visto essa cena em vários filmes românticos que assisti quando me sentia muito sozinha e sem motivo pra viver. Acho que Mariana tinha razão, eu era um merda de uma dramática.
            - Eu queria passar aqui rapidinho, não quero atrapalhar seu trabalho. – disse ele numa educação que não era muito normal quando convivíamos.
            - Não se preocupe, não está me atrapalhando. – respondi educadamente, como ele.
            - Então, você está feliz? – perguntou. Não sei qual era a intenção da pergunta. Não sei se era uma pergunta educada ou curiosidade mesmo. Várias dúvidas giravam em torno da minha cabeça, perguntei-me se não era velha demais pra sentir tantas dúvidas.
            Após algum tempo pensando na pergunta, respondi falsamente:
            - Sim, eu sou muito feliz.
            - Fico feliz – sua resposta não parecia ser sincera, assim como a minha. – Com o que você trabalha aqui? Finalmente encontrou o que estava procurando?
            Ele me lançou outra bomba no meu colo. Fazia perguntas tão estranhas, que eu analisava todos os dias mas nunca obtia uma resposta satisfatória. Na verdade, eu sentia que nunca iria encontrar o que estava procurando. A vida sempre me levaria a buscar outras coisas, talvez fosse assim com todo mundo.
            - Eu edito alguns textos, analiso pra ver se estão escritos corretamente, traduzo algumas coisas, nada muito especial. – respondi a primeira pergunta, evitei responder a segunda.
            De primeira nem perguntei o que ele andava fazendo, preferia deixar minha mente imaginar ou simplesmente não saber muito sobre isso. Tinha medo da pessoa que estava na minha frente, e isso era a verdade.
            - Olha, eu sei que é muito estranho, mas será que na hora do almoço podemos ir na lanchonete da esquina comer alguma coisa? – começou a rir, seus gestos indicavam que ele estava nervoso. Conhecia todos seus gestos e expressões: de raiva, tristeza, alegria, desespero e nervo.
            - Sim, claro. – respondi sem pensar, muito menos analisar a proposta, mesmo que eu faça isso na maior parte do tempo.
            - Ótimo, venho te buscar.
            Assim que ele saiu, fiquei paralisada na cadeira. Todos os sentimentos começaram a girar em torno de mim, eu devia ter aceitado? Então reconheci que devia arriscar mais uma vez. De vez em quando eu tinha ataques de fazer sem pensar, de maneira livre, assim como eu sentia que era quando não estava me entupindo de remédios pra dormir.
            Mariana pulou da cadeira dela e veio até minha mesa. Ficou olhando e rindo muito:
            - O destino está a favor ou contra você?
            - Não faço ideia. – sorri.
            Eu estava desesperada, minha vontade era de correr e gritar, mas eu estava muito feliz por dentro.
            Na hora do almoço, dei um passo pra algo que eu não fazia ideia de como seria. E eu me sentia bem.

Introdução - Memórias fotográficas




            Vejo minhas mãos que já foram menos grosseiras e marcadas. Sinto-me incompleta, vazia, velha. Sim, tenho 23 anos e sinto-me como velha. O sol ilumina lentamente meu quarto, seus raios atravessam pelas persianas com uma delicadeza diferente do comum.
            Sozinha. Estou sozinha. Nunca realmente consegui imaginar como eu viveria num apartamento sozinha, tive que me adaptar aos poucos. A quem quero enganar? A culpa é toda minha! Eu o deixei, arrisquei toda minha felicidade por impulso. Tentei ter uma vida espontânea, diferente, e deixei pra trás toda minha base e chão.
            Minha vida não é necessariamente triste, vivo do jeito que sempre quis viver, escrevendo, tirando fotos e me adaptando a mudança, mesmo assim, depois que fui embora, escrever tornou-se pacato e chorar desnecessário:
            -  Bom dia! – deu um grito totalmente louco, um tanto animado para uma manhã de segunda-feira. Mariana era minha amiga, levava-me a festas, bares, enfim, à vida noturna. Tocava bateria numa banda, completamente doida. As vezes eu me juntava a ela e começava a cantar, mas isso, só depois de várias doses de whiskey.
            - Bom dia – respondi secamente, já que permanecia presa nos meus pensamentos matinais.  Com eles vou tão longe, que perco a noção de como o tempo passa, ora no meu quarto, ora no ônibus ou trabalho. Bebi um gole de café que estava na minha mesa.
            - Como sempre, garanto que não fez nada ontem.
            Como ela pode saber isso? Seria minha espontaneidade tão previsível?
            - Na verdade fiz muita coisa. – como se eu realmente tivesse feito, escrevi sobre uma joaninha no jardim e dormi até demais. O café já não faz o efeito desejado.
            Ela ficou em silêncio, sabia que eu estava mentindo. Ela percebia que minha vida ia devagar como uma lesma atravessando um campo de futebol. Preferi não comentar nada, afinal, escrever sobre joaninhas parece um tanto infantil. Mariana começou a descrever a noite que passou, com quem estava e pra mim pouco importava. Eu estava tendo crises existenciais.
            Normalmente na vida de todo mundo, aqueles flashbacks aparecem do nada, trazendo sentimentos e memórias, e naquele momento, a pior apareceu:
            - Você me ama? – eu perguntava escondida entre minhas mãos, rindo.
            - Sim eu te amo.
            - Você vai me amar pra sempre?
            - Claro que vou. E nunca vou te abandonar. – quando ele dizia isso, parecia ser sincero, e eu acredito que era.
            Outro gole de café. Substituo lágrimas por café, remédios pra dormir e bebidas. Ignoro completamente o que está acontecendo pra me focar no meu trabalho que não queria fazer.
            - Você tem que esquecer seu passado. – Mariana falou alto, tentando chamar minha atenção.
            - É o que sempre me dizem. – suspirei.
            - Você pode parar de ser tão melancólica só um pouco? Isso é chato e enjoativo.
            Não entendi se foi sério ou não. Talvez ela tivesse verdade. Só um pouco.
            A realidade é dura demais comigo. Acho que nunca consegui lidar direito com as decepções que a vida traz, sempre me escondi atrás de uma parede imaginária que construí ao longo dos anos. Poucos anos.
            No fim do dia resolvi fazer a coisa que ainda me deixava feliz, fotografar. Podia estar em depressão ou extremamente eufórica, algo não podia faltar: minha câmera.
            Fotografava o fim da tarde, em anos, pude comprar uma câmera boa o suficiente pra dar mais detalhes ao por do sol. Fotografar não era algo relacionado ao meu trabalho, era um hobby. Talvez se eu trabalhasse com isso, não seria tão divertido. Eu sempre parava crianças, idosos ou adultos para tirar uma foto, os adultos não tinham tempo, precisavam voltar pra suas casas e preparar a comida dos filhos, limpar a casa ou passar mais um tempo fechados longe de seus escritórios. Um tanto irônico.
            Assim como no livro: O pequeno príncipe, eu tinha medo de me tornar adulta demais, chegar um dia que eu vivesse uma vida tão apressada que me esquecesse das coisas que mais gosto de fazer, não acredito que seja uma escolha. Eu não entendia quase nada daquilo.
            Cachorros passavam, pássaros voavam lentamente pelo céu, em conjunto, formando um V grandioso no céu, indo dormir, cuidar de suas vidas, mas não tinham tanta pressa quanto os humanos.
            Voltei pra minha casa, onde tudo ocorreu como sempre: Jantar e dormir.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

À imaginação


Ouça bem
Porque hoje não me enviará flores
Ou qualquer imaginação
Não existirá

Negava a qualquer um
Em qualquer dimensão
E tentava esconder

Mais um beijo e poderíamos sair
Mas é difícil sentir sua falta
Quando conhecidos te dominam
E sufoquem a verdade
Ou não
É apenas imaginação.

Tentando ser bom,
Perto de quem é uma merda
Várias doses de álcool
É esse seu problema?
Alguma chance de te levar pra casa?

Vivendo num mundo isolado
Mais um menino solitário
Dizendo que tantas meninas o procuram
É apenas sua imaginação

Quero ouvir o que tem a dizer
Não há mais escolhas
Eu nunca te persegui
É sua culpa se deixar influenciar

Mais um beijo
E sairíamos
Mas é difícil entender
Quando você ouve idiotas
Pobre menino solitário

Várias doses
Bem-vindo à realidade
Tentando falar o que não deve
Alguma chance de te levar pra casa?

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Um copo de chá - download

Pra quem ainda lembra, ou pra quem não conhece. Em 2010 eu escrevi um "livro" e publiquei no  Clube dos autores e sempre prometi postar aqui, mas nunca postei.
Enfim, revirando pastas no computador encontrei o tal livro e agora disponibilizo para baixar (aeee)
Ignorem os erros (talvez grotescos) de português
Sinopse:

O quanto vale a vida longe de quem nos faz viver? É essa a pergunta que Manuela faz. A moça de 24 anos, grávida, pensa seriamente em suicidar-se porque seu marido morreu em um acidente de carro. Mas antes disso, ela conta toda a sua vida e começa a perceber que a vida talvez ainda valha a pena...
Transtornos alimentares, drogas e bebidas marcaram um período de sua vida. Mas muito amor, família e carinho também marcaram. Esse livro não é apenas sobre o romance de Manuela e Rafael, mas também uma história de amor entre a família e superação das dificuldades da vida.
E ela nunca irá esquecer do garoto do copo de chá...




E muito obrigada por quem leu ou pretender ler Um copo de chá

Aqui está, divirta-se (ou não):
PDF

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Drummond


Escrever é como dançar suavemente
Cada letra, um movimento doce
Cada palavra, um gosto amargo
Drummond, você já dizia que se sentia isolado.
Um sentimento gauche, meio de lado.
E agora consigo lhe entender.
A forma como enxergava a vida era tão delicada
Assim como escrever.
Se eu tivesse entendido antes o que queria dizer,
Um poeta sofre de amargura, doçura, tristeza e prazer
Todos os sentimentos são mais intensos a quem se abre para eles
Entendo quando disse que nada parecia dar certo,
Como se um anjo meio de lado dissesse que sua vida
Não seria exatamente como a dos outros.
A imaginação e criatividade já não são valorizadas,
Nem mesmo por gente grande.
Talvez nunca tenha sido.
Não posso ter seu talento e provavelmente serei desconhecida do mundo
Mas isso não nos impede de sonhar,
De saborear cada sentimento
E Drummond, assim como você, não posso fazer ninguém tirar de mim
O direito de ser livre e viver.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Entre dúvidas e certezas

Sou eu ou você? Talvez o que estamos vivendo
É difícil quando você faz bobagem?
Os dias parecem mudar
Preciso que alguém me ensine
como parar um show
Preciso de alguém como você
que mostre quando vou perder tudo

E estou sentada sozinha por horas
Arranquem meu coração e me tragam uma taça de vinho
Não há nada que você possa dizer ou fazer
Ainda procuro sombras na minha cabeça

Fui eu ou você? Posso estar enlouquecendo?
É difícil saber que perdeu o controle?
Há algo além do amor, algo que não entendo
A realidade volta para machucar
E eu desmorono de novo

Sou eu ou você? As dúvidas desaparecem
Você é meu único amigo
sou alguém que te deve te explicar
Preciso de alguém que me ensine
que vou perder tudo

sábado, 28 de julho de 2012

Sentada na minha cama, uma caneta e a agenda que você me deu acabou de se tornar mais um suporte para meus sentimentos doces e cruéis. Ouvindo músicas e sentindo coisas que não estão na cabeça, estão na alma me levando como brisa, coisas que você não acredita.
Você não deve aguentar o quanto escrevo sobre você, o quanto eu quero te mostrar e fazer com que entenda. Já briguei e prometi que escreveria sobre revoluções, coisas grandiosas e não sobre você deitado em cima das minhas cobertas. Esse texto não era pra ser sobre você, mas não consigo pensar além disso. Arrepios, toques, arranhado nas costas, algo muito puro porém de certo jeito sensual. Sou boba? Deveria ser menos insegura, egoísta e assustada. Sem maldade, apenas dois sentindo nossos corações acelerados, sorrisos e mais doçura, brincadeira até que o medo volta e eu caio na realidade.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Ao melhor idiota


20 de abril de 2011

Melhor idiota que já conheci,

Você apareceu num momento triste, tudo era completamente fechado, presa num buraco negro e você prometeu que seria gentil mas hoje eu vejo... Você é um cafajeste, o melhor que eu já tive, o melhor entre todos, mas é apenas uma memória
E todos nossos sonhos? Não são tão difíceis, porque quando sonhamos tínhamos apenas 15. Brincando de não ser sentimental, lendo livros sobre sexo, saindo de uma crise, os garotos eram tão elétricos e você diz que esqueceu, mas foi bom demais pra lembrar.
Pra onde você foi? Estou me despedaçando
Você levou o melhor de mim...
E quantas vezes você não vai voltar?

Ass: A melhor vadia que você conheceu

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Tentação


                Tinha acordado mais cedo, eram 7:30 da manhã no relógio da cozinha. Eu pouco dormi essa madrugada, e quando cochilava, sonhava com ele. Olhando para meu novo apartamento, bonito, novo, que eu nunca conseguiria locar sozinha, senti um arrepio subindo pelas minhas costas, acariciando minha pele sensualmente. Por que eu estou sentindo isso? Eu tinha acabado de mudar minha vida, não pretendia me apaixonar agora. Não. Eu não estou apaixonada.
                Tomo um gole de chá na caneca que ganhei dele como lembrança da ida num parque de diversões. Oh céus, o que estava acontecendo comigo? Eu resolvo me mudar de uma maldita casinha que consegui quando vim para essa cidade, vi um apartamento maravilhoso, mas era muito mais caro do que eu podia bancar. Meus pais já não podiam me ajudar, foram embora faz muito tempo. Não possuo irmãos e estou completamente sozinha no mundo. Eu não consigo lembrar como, mas ele entrou na minha vida, ofereceu-se para dividir o apartamento comigo. Eu, fria, aceitei. Qual era o problema de dividir um apartamento com um homem? Os problemas eram enormes. Parecia que os dias iam passando e nossa relação ficava cada vez mais próxima. Nessa ultima semana tenho pensado mais ainda nisso, tenho evitado conversar com ele. Evito olhar para ele.
                Já parei no meio de um parque gritando, me ajoelhando no chão e querendo saber o motivo... Por que fazer isso comigo novamente meu Deus? O amor já não dói demais? Não. Não estou amando. Não posso. Não quero. Ele me olhava de um jeito tão malicioso mas de um jeito tão inocente ao mesmo tempo, fazia meu corpo tremer e se arrepiar, cada célula do meu corpo queria se entregar, queria encostar em seus lábios, mas não. Eu não posso. Já amei antes e é terrível.
                Atrapalhando meus pensamentos, ele levanta. Encara-me encostado na parede. Evito contato visual e entro no meu quarto novamente. Deito-me de barriga para cima, falta tempo para começar o trabalho, fecho os olhos e tento evitar todos os pensamentos envolvendo aquele homem. Ele entra no meu quarto vagarosamente, delicado, começou a beijar meu pescoço. Minha barriga gelava e minhas pernas se cruzavam: “Não, por favor, não”- eu repetia baixinho várias vezes. Mas ele começou a encostar nos meu lábios e nos beijamos... e de repente vieram mais beijos... E mais... e mais... 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Um texto utópico


Ainda quero entender por que “utopia” é sempre utilizada para algum lugar imaginário. Uma pessoa pode ser utópica.
Por esses dias ando pensando que a utopia existe dentro de nós, em nossos desejos e sentimentos mais secretos que não podemos realizar. Particularmente, eu gostaria de fazer muitas coisas que não posso realizar: tirar fotos do mundo, ajudar o meio ambiente, aprender a dançar e mudar completamente minha vida, fugindo pra um lugar bem longe e ter uma vida espontânea.
Utopia é a espontaneidade, que ninguém tem ao todo. Falta coragem para tentar coisas novas, procurar mudar tudo e deixar as coisas de cabeça para baixo.
Pode ser um texto sem sentido e inteiramente particular, mas a utopia começa aqui.

domingo, 17 de junho de 2012

Era um céu azul claro mesclado com nuvens dançantes e de todas as formas, ao longo delas vinha um azul mais escuro, dizendo que a noite viria. Ao fundo vinham formas ondulosas de pequenas serras verdes que escondiam um horizonte misterioso para onde eu queria ser levada. O sol queimava pouco a pouco as nuvens que não paravam de dançar. E a culpa que eu sentia poderia queimar também? Poderia flutuar dali e voar para o horizonte além das serras? Poderia alcançar as estrelas sem precisar vê-las num telescópio imaginário?
Meus pensamentos foram interrompidos por duas feras urrando e brincando feito crianças embaixo dos laranjais de Casimiro de Abreu. E num quintal, que nem meu era, tomei a maior decisão da minha vida.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Um romance sobre abelhas e aranhas

Não sei ao certo se devo começar com um "Era uma vez" já que ela é totalmente real. Uma abelha entrou no meu quarto e ao procurar uma forma de sair daquele mundo surreal, começou a bater sua pequena cabecinha na janela. Ela tentava, e tentava... pobre abelha estúpida!
Até que numa tentativa de descanço, encostou-se numa teia de aranha. Em menos de um segundo, a aranha pulou nela e tentou enrolar a pobre abelha em sua misteriosa teia. Minha versão de Romeu e Julieta, taquei inseticida nas duas.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Um texto sobre o amor

Quando ouço "o amor dói" eu automaticamente me lembro de meninas de 11 anos postando isso em redes sociais porque levaram um fora do namorado imaginário.
Mas revendo a frase entre lágrimas e dores, talvez tenha sentido. Tudo que envolve dois é dolorido (está aí a explicação para matemática). O amor não é para egocêntricos, nem para rancorosos (talvez para magoados, como eu)
O amor envolve duas pessoas que pouco se conhecem e que se machucam o tempo todo, mas você se acostuma.
Dói. Pesa. Eu tenho um cachorro chamado Dodi. Eu pisei na pata dele. Ele chorou. Eu pedi desculpas. Ele ignorou o fato de eu ter pisado na pata dele. Isso é amor.
É muito complexo e simples. Mas como fazer a raiva sumir? Não sei. Como fazer que dure e que uma das suas pisadas não faça seu amor te morder? Não há nada para ser feito. Afinal, já dizia minha professora: o amor existe mesmo com defeitos, porque quem gosta de você, na verdade gosta das suas qualidades.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Você não é o motivo da minha existência


É só um momento
que passa tão lento
Amor vai e vem
como se eu não soubesse

O que tem no meu bolso?
Você não sabe
você nunca vai entender tão bem
quanto eu

E eu sei
e você também
que um amor como o nosso
não é uma boa ideia
Mas não vou parar de chorar
não quero parar de chorar

Não leio mentes
Longe disso
Amor me deixa tão culpada
O que faz você ficar aqui?
Não estou preparada pra isso
e as vezes te vejo sozinho
isso é triste

A culpa é nossa
Fizemos essa bagunça
Duas pessoas machucadas
O amor é assim
É só um momento
gritando na minha cabeça
Amor vem e vai
como se eu não soubesse

Um amor como o nosso
não é uma boa ideia
Mas não vou parar de chorar
não quero parar de chorar

Vida de escritor

Escrever é libertar a alma. É dar sentido aos sentimentos tão doídos e tão bons. É olhar de outra forma, é sorrir, refletir. É criar sua própria figura de linguagem. É criar seu verbo: no pretérito, no presente e no futuro.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Pedaço

       Não sei ao certo como, nem por que todas aquelas sensações me invadiram. Era um frio, um desânimo, uma raiva que nunca conseguiria explicar, nem em uma década, século ou milênio.
       Era uma dor que acabava com todas as esperanças de um futuro bom, como se todas as dores passadas voltassem e me atordoassem. Como se todos esses sentimentos tivessem sido colocados pra dormir e acordassem de mau humor. Era meu pedaço de inferno.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Você me ama
Como eu te amo?
Você precisa de mim
como eu preciso de você?
Então não vá embora
porque eu te quero aqui.
Você quer me proteger
o quanto eu quero te proteger?
Você me vê
como eu te vejo?
Você me acha chata
o quanto eu te acho chato?
E eu preciso de você aqui

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Apenas mais um conto de casal


          Eram como um casal normal que possuíam uma maneira contraditória de viver. Qual era a diferença deles e de outros casais? Se amavam verdadeiramente e puramente. Pelo menos era o que ambos achavam e o que cada um esperava do outro.          Brigavam o tempo todo, sempre jogando a culpa no outro e relembrando momentos de mágoa que não podiam ser esquecidos. Ela, com a emoção de uma mulher, chorava e sentia muito, não por chamar a atenção, mas por simples vontade. Ele, queria ser frio, porém, tinha medo do que sentia. Mesmo com tantos conflitos, eles se amavam e prometiam amor eterno um ao outro.           Os momentos felizes eram os mais intensos, não como casais normais que saem conhecer a vida, mas olhando de longe e às vezes (só às vezes) conhecendo pessoalmente o mundo. Eram crianças demais para isso. Mas eles prometiam crescer e fazer como os casais adultos, ir à lugares que sempre planejaram e fazer coisas que sempre quiseram ter feito.           Sentiam-se crianças, jovens e adultos. Durante à noite, um pensava no outro, assim como adolescentes no começo de uma paixão. Relembravam o passado e riam das coisas. O amor faz isso. Faz com que você volte ou avance no tempo. O amor os desanimava, porque é uma questão de paciência. Eles tinham medo de envelhecer e cair numa rotina.           Medos os fortaleciam e os uniam, como laços. Se terminaram ou continuaram, não sei lhe dizer. Mas sei lhe dizer que o que ambos passaram foi inesquecível.